cirurgia

Prostatectomia radical

Vantagens:

  • Excelentes resultados oncológicos a longo prazo
  • Baixo risco de sintomas urinários permanentes
  • Permite a extracção completa da próstata, útil para uma avaliação prognóstica mais detalhada
  • Permite tratamento local de salvação (radioterapia) em caso de insucesso
Desvantagens:​

  • Requer algaliação por 7-14 dias após a cirurgia
  • Requer internamento hospitalar por 2-4 dias
  • Obriga a repouso relativo durante 3-4 semanas após a cirurgia
  • Risco de provocar disfunção eréctil (até 50% dos casos) e incontinência urinária (até 5% dos casos)​

Em que consiste?
Este é um procedimento cirúrgico em que se remove completamente a próstata e vesículas seminais. Este cirurgia pode ser realizada por via diferentes métodos:

  • Via aberta – habitualmente por uma incisão de aproximadamente 10 cm realizada abaixo do umbigo. 
  • Via laparoscópica convencional – através de instrumentos que se colocam por pequenas incisões na pele, e o que o cirurgião manipula externamente ao corpo do doente
  • Via laparoscópica robótica  – através de instrumentos que são manipulados por um sistema robótico, sob comando do cirurgião que se encontra numa consola a poucos metros de distância
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Prostatectomia radical aberta
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Prostatectomia radical laparoscópica
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Prostatectomia radical robótica

Quando está indicada?

Esta cirurgia é uma das formas de tratamento do cancro da próstata localizado (confinado à próstata), com uma perspectiva curativa. É também um tratamento cada vez utilizado para o tratamento do cancro da próstata localmente avançado (um pouco mais avançado a nível local), embora aqui mais frequentemente associada a outros tratamentos.

Quais são os resultados?
De uma forma geral, para um cancro da próstata localizado,  é de esperar que, aos 5 anos após a cirurgia, aproximadamente 95% dos doentes estejam livres de doença. Na minoria de casos em que a doença regressa passado algum tempo, outros tratamentos complementares poderão ser realizados, e ainda assim serem obtidos bons resultados.
Devido à proximidade da próstata como algumas estruturas nobres, como o esfíncter urinário (que dá a continência) e os nervos cavernosos (que permitem a erecção), a prostatectomia radical poderá perturbar a função urinária e/ou sexual. 

  • Função urinária: a perda de urina, que poderá ocorrer nas primeiras semanas após a cirurgia, quase sempre melhora ou desaparece progressivamente à medida que recupera. A velocidade de recuperação é muito variável (dias/semanas/meses). Contudo, se analisarmos os doentes um ano após a cirurgia, 90-95% têm uma continência completa ou praticamente completa. Para os que não a atingiram, há tratamentos eficazes disponíveis.
  • Função sexual: o impacto sobre a erecção é muito dependente da sua situação de saúde prévia, do tipo de tumor existente, se foi possível preservar os nervos cavernosos, entre outros factores. Assim, uma dificuldade em atingir uma erecção suficiente pode ocorrer nos primeiros meses após a cirurgia, mas existe uma clara tendência de recuperação progressiva ao longo do primeiro e segundo ano. Com as medidas de reabilitação hoje utilizadas, ao final de um ano mais de 50% dos doentes consegue manter uma vida sexual sem ajuda farmacológica ou com a toma de um comprimido. Os restantes têm, ainda assim, tratamentos ao seu dispor que permitem a manutenção de uma vida sexual activa.​

Como devo preparar-me para a cirurgia?

Há estudos que demonstram alguma vantagem na realização prévia de fisioterapia do pavimento pélvico, já que isso acelerará a recuperação da continência urinária após a cirurgia. Deverá discutir essa questão com o seu urologista.

Como é a recuperação após a cirurgia?

Se tudo decorrer normalmente, terá alta 2-3 dias depois da operação. O cateter urinário será removido alguns dias mais tarde. Durante as primeiras 4 semanas após a cirurgia, deverá evitar esforços físicos e beber um boa quantidade de água. É habitual perder alguma urina nos primeiros dias ou semanas após a remoção do cateter urinário, mas haverá uma recuperação progressiva da continência.
A recuperação após a prostatectomia radical não é especialmente dolorosa, mas se tiver algumas dores, nomeadamente na área da(s) ferida(s) operatória(s), poderá tomar a medicação analgésica que o seu urologista lhe prescreverá. Uma parte importante da recuperação após a prostatectomia radical é a reabilitação da função urinária (continência) e sexual (função eréctil), que terá início pouco tempo depois da cirurgia e acerca da qual será aconselhado pelo seu médico.

  • Para a recuperação da continência, poderá entrar num programa de fisioterapia do pavimento pélvico, que lhe permitirá readquirir controlo total da continência urinária mais rapidamente.
  • Para a recuperação da função eréctil, poderá iniciar terapêutica precocemente com inibidores da fosfodiesterase-5, que são tomados por via oral e/ou injecções intracavernosas de alprostadilo.​

A que problemas devo estar atento?

Nos primeiros dias, em que ainda é portador do cateter urinário, deve procurar beber bastante água para manter a urina clara. Porém, se verificar que o catéter está obstruído e deixou de drenar, deve ser observado rapidamente para que se proceda à respectiva desobstrução.
​No caso de ter dor intensa, febre ou mal-estar, deve contactar o seu cirurgião.

Como é o seguimento após a cirurgia?
Cerca de 4-6 semanas após a cirurgia, voltará ao hospital para ter uma consulta com o seu cirurgião. Poucos dias antes da mesma, deverá realizar uma análise do PSA total, a fim de avaliar a sua evolução.
Esta primeira consulta tem vários objectivos:

  • avaliar a sua recuperação geral após a cirurgia
  • avaliar a função urinária e sexual, e recomendar quais as medidas de reabilitação mais apropriadas ao seu caso
  • avaliar o resultado do estudo anamatopatológico da peça operatória (a próstata removida que foi para análise), bem como o valor de PSA, a fim de determinar a eventual necessidade de tratamentos adicionais, bem como o programa de vigilância subsequente.

É sempre bom lembrar que o acompanhamento de uma doença oncológica não termina no momento da cirurgia, pelo que deverá manter vigilância periódica pelo seu urologista, mesmo que se sinta bem. Só assim se poderá detectar e tratar precocemente eventuais recidivas da doença.