calculos renais

Litíase urinária

litiase orig
Fonte: EAU Patient Information Center

Os cálculos renais são pequenas “pedras” que surgem no interior do sistema urinário. São compostos por sais minerais e/ou matéria orgânica

Devido a um grande número de factores,  determinados minerais e compostos acabam por ficar na urina numa concentração muito acima do habitual. Estes factores incluem:

  • Desidratação – se não beber água suficiente,  o risco de vir a formar cálculos renais é maior. As pessoas que vivem em climas quentes e secos, ou que suam muito têm um risco especialmente elevado
  • Falta de exercício físico e obesidade
  • Erros alimentares – especialmente uma dieta rica em sal, proteínas animais e açúcar
  • Toma de determinados suplementos/medicamento – como vitamina C, suplementos dietéticos, laxantes, ou alguns medicamentos para a depressão ou enxaqueca.
  • História pessoal ou familiar de litíase
  • Doenças ou cirurgias digestivas – ex: cirurgia de bypass gástrico, doença inflamatória intestinal ou diarreia crónica.

 
À medida que o tempo passa, estes sais minerais e/ou compostos começam a agregar-se e a formar cristais que são cada vez mais visíveis, e que vão crescendo progressivamente, até formarem os cálculos renais que podemos observar no interior dos rins através de diversos exames. Este problema é muito frequente, e atinge até 10% da população.
 
Saber o tipo de cálculos que afecta uma determinada pessoa ajuda a determinar a causa e a prevenir a formação de novos cálculos. Há vários tipos de cálculos:

  • cálculos de cálcio – são os mais frequentes, geralmente na forma de oxalato de cálcio. Podem estar associados a factores dietéticos, medicação ou doenças intestinais.
  • cálculos de estruvite – associados a infecções urinárias
  • cálculos de ácido úrico – associados a dietas com excesso de proteínas, a síndrome metabólico ou diabetes.
  • cálculos de cistina – numa doença genética chamada cistinúria, que leva os rins a excretar um excesso de um aminoácido específico.

Os cálculos que estão no rim não despertam habitualmente sintomas significativos, a menos que sejam muito volumosos. Mas, mesmo não provocando dor intensa, têm os seus riscos, pois podem ocasionar infecções urinárias ou redução da função renal a longo prazo.
Contudo, quando um desses cálculos passa para o ureter (o canal que transporta a urina entre os rins e a bexiga) desperta uma crise de dor intensa, denominada cólica renal (ver “Cólica renal”).

Se tiver uma cólica renal, a prioridade deve ser tratar a dor, que é habitualmente muito intensa. Ver “Cólica renal”.
Fora do contexto da cólica renal: se, através de um exame diagnóstico, foram identificados cálculos renais, deverá procurar um urologista. Não apenas lhe será indicado o tratamento mais adequado para a situação, como se pesquisarão as causas que estão eventualmente a causar os cálculos renais. Só identificando o problema de base (erros alimentares, problemas metabólicos, etc.) é que se conseguirá evitar o aparecimento de novos cálculos e o crescimento dos que já existem.

Exames de imagem:
Os exames mais utilizados para avaliar a presença, dimensão e localização dos cálculos renais são a ecografia renal e a radiografia renovesical. São simples, acessíveis e com baixíssima quantidade de radiação. Contudo, há situações que requerem uma avaliação mais pormenorizada, pelo que pode ser necessário realizar uma TAC. Como os cálculos são facilmente visíveis na TAC, na maioria das vezes não é necessário administrar contraste, tornado o exame ainda mais simples e seguro.
Em casos específicos, pode ser necessário perceber como é que está o funcionamento de apenas um dos rins, ou do seu conjunto. Nessa situação, o seu médico poderá prescrever-lhe um cintigrama renal, que é um exame não invasivo de Medicina Nuclear, sendo igualmente bastante seguro.
 
Exames metabólicos:
Para procurar compreender porque é que se estão a formar os cálculos, é muito importante fazer um estudo laboratorial detalhado, que se chama “estudo metabólico”. Este conjunto de exames, que se fazem no sangue e na urina colhida ao longo de 24 horas, pode dar-nos informações sobre desequilíbrios do seu metabolismo ou dos seus hábitos, que devem ser corrigidos para evitar agravamento ou recorrência da situação. São exemplos de alterações frequentemente encontradas: aumento do sódio urinário, aumento do cálcio no sangue ou na urina, aumento do ácido úrico, aumento dos oxalatos na urina, falta de citrato, sinais de infecção, etc.
 
Análise de cálculos
Sempre que conseguir “apanhar” um cálculo que expulsou, guarde-o para entregar ao seu médico, para que este posso mandá-lo analisar. Isso permitirá saber que tipo de cálculos é que está presente.

(Para o tratamento da cólica renal, ver a página específica.)
A maioria dos cálculos com reduzidas dimensões (até 5 mm) será facilmente eliminada de forma espontânea, pelo que habitualmente não requer tratamento.
Por outro lado, alguns cálculos, como os de ácido úrico, podem ser dissolvidos com medicação específica, que aumenta o pH da urina.
Contudo, a maioria dos cálculos são formados por cálcio e não pode ser dissolvida, pelo que, acima de determinada dimensão (7-8 mm), podem ser necessários tratamentos específicos para destruir os mesmos. Felizmente, hoje em dia é possível tratar quase todos os cálculos renais por métodos minimamente invasivos.
São várias as alternativas. Clique sobre cada uma delas para obter informação específica:
 
Nalguns casos, os cálculos são muito pequenos (<5 mm) e podem ser apenas vigiados periodicamente.

Especialmente para aquelas pessoas que já tiveram manifestações de litíase renal, a prevenção é fundamental. Esta consiste em medidas simples, mas que é importante serem sustentadas ao longo do tempo:

  • beber cerca de 3 L de água/líquidos por dia (esta é a medida mais importante)
  • reduzir o consumo de sal
  • praticar exercício físico regular
  • perder peso

 
Estes são os cuidados genéricos, que se aplicam a todos os casos. Porém, há tipos de litíase que estão associados a problemas concretos, pelo que também são requeridos cuidados especiais. Por exemplo:

  • na litíase de ácido úrico, limitar as proteínas de origem animal
  • na litíase de oxalato de cálcio, limitar a ingestão de alimentos ricos em oxalatos (frutos secos, chá preto, chocolate, espinafres, beterraba).

 
Pode haver ainda lugar a medicação específica, de acordo com os achados do estudo metabólico.

Wein, Louis R. Kavoussi, Alan W. Partin, Craig A – Campbell-Walsh Urology, 11th Edition, Elsevier 2015
Guidelines of the European Association of Urology, 2020
Dias, J –  Urologia Fundamental na Pratica Clínica, Lidel 2011
Mayo Clinic, Pateint Care and Information Center em https://www.mayoclinic.org/patient-care-and-health-information
EAU Patient Information Center em https://patients.uroweb.org