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Catéter (stent) uretérico duplo J e Nefrostomia percutânea

Quando existe uma obstrução do tracto urinário superior (impedindo a passagem da urina dos rins para a bexiga), pode haver necessidade de proceder à sua resolução, que porque há uma infecção, quer para evitar a perda de função por parte do(s) rim(ns) envolvido(s).
Muitas vezes, não se pode resolver imediatamente a causa dessa obstrução, pelo que temos que optar por um procedimento rápido que normalize a passagem da urina.

A desobstrução é habitualmente realizada de uma das seguintes formas: ​

1 – Colocação de um catéter (stent) uretérico de duplo J

Consiste na inserção de um tubo ou catéter, também chamado de stent uretérico, no interior do ureter. É um procedimento simples, realizado por endoscopia, logo sem necessidade de quaisquer incisões. Este catéter, comprido e com duas extremidades enroladas (daí o nome de “duplo jota”), permite drenar a urina que é produzida no rim até à bexiga, mesmo na presença de uma obstrução (na imagem, a causa de obstrução era um cálculo no interior do ureter). Como o catéter está totalmente implantado no interior do corpo, o doente continua a urinar normalmente e pode prosseguir a actividade habitual.
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Fonte: adaptado de EAU Patient Information

​2 – Colocação de nefrostomia percutânea

​Consiste na colocação de um catéter directamente do interior do rim envolvido na obstrução. Este procedimento é realizado sob anestesia local, com o controlo de ecografia. A urina passa a ser drenada por este tubo, que depois é colectada por um saco colector que fica ligado ou colado à pele. Enquanto a nefrostomia estiver presente, o doente terá que usar sempre esse saco, pois os rins estão continuamente a produzir urina.

Como se vê pelas imagens, nenhum destes dois métodos resolve a causa da obstrução, servindo apenas para alívio temporário da mesma. Esta causa da obstrução (por exemplo cálculo do ureter) terá depois ser alvo de um tratamento, como uma cirurgia, que solucionará definitivamente o problema.
 
Como estes cateteres têm uma duração limitada (cerca de 2-3 meses), após a qual poderão obstruir, a cirurgia de resolução definitiva deve ser realizada o mais rápido possível.

O cuidado mais importante a ter, por parte de qualquer portador de um catéter de duplo J ou nefrostomia percutânea,  é beber muita água (2-3 litros/ dia). Isso ajudará a aliviar as queixas que estão associadas a estes corpos estranhos, evitará que eles obstruam.

Com um duplo J, é normal ter algum desconforto no baixo ventre, vontade de urinar com mais frequência ou dor lombar quando se urina. Ocasionalmente, poderá ter a urina um pouco avermelhada devido à presença de sangue. Estes sintomas são muito frequentes, e não representam perigo. Contudo, deverá ter observação médica se tiver febre ou mal-estar, pois isso poderá significar a presença de uma infecção.

Com uma nefrostomia percutânea, poderá acompanhar a produção e drenagem da urina do rim envolvido, directamente olhando para o saco da nefrostomia. Se verificar que, durante um período de várias horas, deixou de haver acumulação de urina no saco, isso é um sinal de uma possível obstrução ou deslocação do catéter. Nesse caso, deverá, no prazo de 24h, recorrer a cuidados médicos ou de enfermagem para tentar desobstruir o catéter. Se tiver sintomas como dor ou febre deverá procurar a situação mais rapidamente.

Os catéteres de duplo J têm uma duração recomendada variável (dependendo do seu tipo e da situação clínica), entre 3 e 12 meses.
Já os catéteres de nefrostomia têm uma duração recomendada de 2 meses.

Assim, estes catéteres dever ser removidos antes de se atingir a sua duração recomendada, com vista a evitar que infecções e/ou obstrução dos mesmos. Contudo, caso a situação clínica que levou à obstrução não tenha sido ainda resolvido, estes catéteres devem ser substituídos periodicamente (cada 6-12 meses para os duplo J e cada 2 meses para as nefrostomias)